No ano de 1976, aos 15 anos de idade, conquistei meu primeiro emprego. Foi em uma empresa de engenharia elétrica, a Triel Engenharia Elétrica Especializada, na cidade de Santos São Paulo. Embora tenha começado como auxiliar de escritório, o que não era exatamente a posição que eu almejava, mas representava uma oportunidade de estar imerso no mundo da eletricidade e eletrônica. Muitas vezes, durante o tempo em que aguardava para realizar serviços externos, eu costumava ler revistas de eletrônica, sentado em um banco no corredor.
Foi então que um técnico do laboratório, o engenheiro Chiquinho, se interessou pelos meus conhecimentos na área e me perguntou, sem prometer nada, se eu gostaria de trabalhar como auxiliar técnico no laboratório da engenharia, exatamente o que eu buscava. Após algumas negociações entre o gerente do laboratório, o engenheiro Chibó, e o meu gerente financeiro, o Sr. Celso, fui transferido para essa nova função.
O contato com a Triel foi através da indicação de uma vizinha, que conhecia o presidente da empresa, o engenheiro Francisco Rennó.
Eu nem cursava o ensino técnico de eletrônica, nessa época o ensino médio era conhecido como colegial e somente existia, em Santos, uma escola técnica em eletrônica, que era particular. Não tive a oportunidade de estudar eletrônica formalmente, pois minha família não tinha condições de pagar por uma escola particular. Acabei estudando Edificações em uma escola estadual.
No laboratório da Triel, eu acompanhava os trabalhos de desenvolvimento dos produtos, fazia testes e calibração de equipamentos elétricos, e também realizava serviços de manutenção. Fiz algumas viagens para aferição de equipamentos em empresas e até para consertar equipamentos em navios atracados no porto de Santos. Adorava conversar com os engenheiros e técnicos, com quem aprendi muito.
Muitos dos engenheiros e técnicos da empresa eram radioamadores, e com a paciência deles tive oportunidade para adquirir muitos conhecimentos. Montei muitos circuitos de fontes, receptores e antenas, sugeridos por eles e por meio de livros de eletrônica, que eu comprava por prestações. Também adquiri meu primeiro rádio da faixa do cidadão, e tenho um hoje.
Em 1978, minha família mudou-se para São Paulo e, precisei deixar a empresa.
No meu último dia de trabalho, ganhei alguns presentes e o eng. Rennó me chamou em sua sala para agradecer pessoalmente pelo meu empenho na empresa. O eng. Rennó faleceu em 2018 aos 86 anos.
Abaixo estão equipamentos para calibração de relés, fabricados pela Triel, à venda em um anúncio recente no Mercado Livre.
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