domingo, 26 de julho de 2015

Receiver Gradiente STR-1050, mais um aparelho salvo do caçambão

Numa visita uma oficina para encomendar um serviço em fibra de vidro, me deparei com este aparelho jogado em um canto, ao relento sendo exposto a sol e chuva, somente aguardando uma oportunidade para ser jogado no lixo.  De imediato perguntei ao proprietário sobre o destino dele e ele prontamente me disse " Pode levar se quiser ", o indicador de sintonia do Receiver até sorriu para mim.

O Receiver STR-1050 foi um clássico da Gradiente lançado em 1976, um dos melhores  Receivers já construídos por ela. É um aparelho de eletrônica simples e robusta, com um chassi de aço e componentes mecânicos de qualidade. Posso garantir que na minha adolescência este tipo de aparelho sempre foi um desejo nunca alcançado. 

Material publicitário na revista Veja em 1976

Especificações técnicas ( fonte: Audiorama )
  • Potência (por canal): 18W RMS (8 Ohms / 0,3% THD / 20Hz - 20kHz)
  •                                20W RMS (4 Ohms)
  •                                22,5W IHF (8 Ohms)
  •                                35W IHF (4 Ohms)
  • Impedância de saída: 4 a 16 Ohms
  • Resposta de Freqüência (1 Watt): 21Hz - 35kHz (-3dB)
  • Distorção Harmônica Total (THD): 0,3% (pot. máx., 8 Ohms)
  • Fator de amortecimento: 20 a 1kHz, 8 Ohms
  • Entradas de Áudio: 3 (sendo: 1 Phono, 1 Tape, 1 Auxiliar)
  • Conexão para Pré ou Power externos (RCA): Pré-Out, Power-In
  • Controle de tonalidade: Graves +/- 10dB a 100Hz
  •                                    Agudos +/- 10dB a 10kHz
  • Loudness (-30dB): +6dB a 100Hz, +6dB a 10kHz
  • Relação Sinal/Ruído: 60dB (Phono, Mic, FM)
  •                                70dB (Linha)                               
  • Sensibilidade e Impedância: 5mV / 47k Ohms (Phono Magnético)
  •                                          280mV / 220 k Ohms (Phono Cerâmico)
  •                                          230mV / 47 k Ohms (Linha)
  •                                          12mV / 10 k Ohms (DIN)
  • Sensibilidade Seção Receptora (Tuner): 1,8uV (FM), 50uV (AM)
  • Distorção Harmônica: 0,8% (FM)
  • Separação entre canais: 40dB (FM)
Bom o desafio agora é, não só conserta-lo, mas restaura-lo e deixar como novo. Numa restauração eletrônica não é o problema, o que mais preocupa, e dá mais trabalho são as condições mecânicas e a aparência dos painéis dianteiro e traseiro.

Neste caso dei muita sorte pois os painéis dianteiros e traseiros estão em ótimas condições, somente com muito depósito de sujeira. A ressalva é o acrílico que recobre o dial que está com a serigrafia desgastada, mas de fácil recuperação e vai ser recuperado com polimento e uma gravação a laser das inscrições.

O painel de alumínio, chaves e knobs não apresentam riscos, só sujeira.

As inscrições do painel de acrílico serão refeitas

Sujeira e mais sujeira

O aparelho aparenta ter ficado muito tempo ao relento, com certeza tomando muita chuva e sol. A tampa metálica superior apresenta alguns riscos e será lixada e pintada. 

Tampa superior, com sinais de chuva

Os items de estética  que serão  inteiramente trocados são as laterais de madeira. Devido a ação do tempo foram inteiramente destruídas.

Paineis de madeira destruídos pelas intempéries


O interior e a eletrônica a principio me assustou, mas numa analise mais detalhada e depois de uma rigorosa limpeza mostrou-se em bom estado. 





Quanto à eletrônica, logo de início, percebi que o equipamento já havia passado por uma tentativa de conserto, pois as ligações dos transístores de saída estavam com soldas porcamente refeitas e um capacitor eletrolítico da saída já não era original.

Após uma verificação inicial, constatei que todos os transístores estão OK, mesmo os de saída embora apresentam rachaduras no encapsulamento epoxi, certamente serão trocados. Os capacitores eletrolíticos foram todos trocados porque, mesmo alguns não aparentam problemas, são componentes que se deterioram com o tempo, e estes já tem quase 40 anos de idade.

Após a troca dos capacitores eletrolíticos, e os diodos retificadores da fonte ( dois estavam em curto )  energizei pela primeira vez o aparelho sem ligar o estágio de potência ( existem dois fusíveis que protegem o circuito de saída ). O painel acendeu, nenhuma lâmpada estava queimada, as tensões de alimentação de acordo com as indicações no esquema e ao colocar um fio como antena de FM o indicador de sinal indicou o funcionamento do sintonizador. Com o osciloscópio fui, pacientemente, rastreando o sinal de áudio desde a saída do sintonizador até a saída do pré e entrada do power e, depois de constatar o funcionamento, liguei a saída do pré a um amplificador externo. Pude assim ouvir um alto e limpo som de FM.

Depois do teste do funcionamento dos potenciômetros ( nenhum com chiado ) testei as outras entradas do pré e todas funcionaram perfeitamente. Agora, estou aguardando a chegada dos transístores de saída para colocar o Power em funcionamento.

Primeira energização e testes de funcionamento


A reconstrução dos painéis de madeira foi feita em 3 camadas de  MDF recoberto com uma fina folha de laminado de madeira. Escolhi um padrão mais claro do que a madeira original, este padrão mais claro não tira a originalidade, uma vez que foram produzidos aparelhos com várias tonalidades de madeira.

Comparação das condições do painel original e do novo em MDF cortado a laser

As três fatias que compõem cada painel de madeira novo

Aparência final do novo painel de madeira, já com o laminado

Primeiro teste de encaixe dos novos painéis de madeira

Abaixo, ele já pronto para uso.







 Fará companhia aos meus outros aparelhos também restaurados.




Gradiente B-25, antes da restauração

Gradiente B-25 depois da restauração



Gradiente S125, antes da restauração


Gradiente S125, depois da restauração




Amplificador AIKO PA3000, depois da restauração