26 junho 2024

MEU PRIMEIRO EQUIPAMENTO DE SOM


O ano era 1974 ou 1975 e eu estava começando meu autoaprendizado em eletrônica devorando revistas especializadas. Eu tinha 13 anos de idade.

A primeira revista de eletrônica que comprei foi a  Eletrônica Para Todos, cuja história conto nesta postagem:

ELETRÔNICA PARA TODOS - A revista que me despertou para a eletrônica


Com pouco dinheiro para montar os circuitos simples publicados,  os poucos componentes eletrônicos que tinha eu conseguia de pedaços de rádios velhos, garimpando em ferros-velhos da região.

Eu possuía um radio portátil AM, que meu tio Zé Rosa (na foto abaixo) havia me presenteado. Ele era meu companheiro na hora de dormir, ouvindo-o através de um "primitivo" fone de ouvido.


Fone de ouvido, acessório para rádios da década de 70


Um dia, encontrei, no ferro-velho, uma mecânica de toca-discos automático com a carcaça amassada e faltando algumas peças. Claro, levei-o para casa a preço de sucata. 

A mecânica do toca-discos, fabricada pela Winco da Argentina, era igual a foto abaixo. Hoje, vasculhando a internet, vi que a Winco vendia a mesma mecânica para vários fabricantes de vitrolas e existem exemplares com outras marcas. 


Mecânica do tocadiscos Winco


Com muito esforço e tempo consegui recuperar a mecânica, comprando algumas peças faltantes, como a cápsula de cristal, o pino central do automático e os knobs de controle. Construí uma base com madeira de embalagens de bacalhau, e cobri com adesivo CONTACT. Estas embalagens, que eu conseguia no lixo do supermercado onde meu pai trabalhava, eram feitos de uma madeira leve e macia e superfície lisa, fácil de cortar com uma pequena serra.


Supermercados Pão de Açucar na Av. Ana Costa em Santos - SP
Meu pai, Natalício, à esquerda de meu tio Zé Rosa. Ambos trabalhavam para o supermercados.
(foto da época)


Inicialmente eu usava meu toca-discos com uma adaptação no aparelho de rádio vitrola do meu pai, mas a qualidade do som não me agradava, logo pensei em construir meu próprio sistema.


Minha irmã Elsa, posando ao lado da rádio vitrola  do meu pai.
(foto da época)


Para ouvir discos,  independente do aparelho do meu pai,  eu precisava da mecânica do toca-discos, de um amplificador e de uma caixa acústica. Nem pensava em um amplificador estéreo,  um bom som mono já me satisfaria.

Bisbilhotando nas poucas lojas de eletrônica em Santos - SP, encontrei um kit de amplificador de 1 Watt de fabricação da IBRAPE e um manual de construção de caixas acústicas da NOVIK. Demorei alguns meses economizando para comprar o kit da IBRAPE e os componentes adequados para contruir a pequena caixa acústica de 5´´, descrita no manual da NOVIK.

Com as informações e os componentes em mãos construí a pequena caixa acústica, seguindo as instruções do manual, e instalei o kit de 1 Watt dentro do gabinete.



Esquema elétrico do M-101 IBRAPE



Manual de contrução para caixas acústicas com autofalantes da NOVIK



O projeto escolhido foi o conjunto "MINI-COMPACTO"


Dimensões dos gabinetes dos diversos projetos


No final, tudo funcionou perfeitamente e eu já podia ouvir música em meu quarto. Só havia um problema...   A falta de dinheiro para comprar discos! 

Por muito tempo, só ouvia um unico compacto da Elis Regina com a música "Dois pra lá, Dois pra cá". Essa música ficou gravada em minha memória e, além de ser lindíssima, com uma interpretação magistral da Elis, traz excelentes lembranças.




Com o tempo, ganhei alguns discos, troquei objetos por outros e fui aumentando minha coleção. Acho que, na época, cheguei a ter uns oito, ou nove, discos. 

Nas fotos alguns dos discos, que ouvia naquela época,  que hoje tenho exemplares.


Elis Regina - Compacto Duplo (1974)


Coletânea - Jet Music Especial (1974). Ganhei de meu, primo Celso.



Nazareth - Rampant (1974)


Black Sabbath - Sabotage (1975)



Pink Floyd - The Dark Side Of The Moon (1973). Este eu só ouvia emprestado. 




Por uma das incríveis coincidências que acontecem comigo, morei em um condomínio, ao lado de um dos endereços da NOVIK. Isso na década de 80 e 90.


Um dos endereços da NOVIK nos anos 80 e 90.
(Google Maps)

Um dos endereços da NOVIK nos anos 90.
(Google Maps)