O ano era 1974 ou 1975 e eu estava começando meu autoaprendizado em eletrônica devorando revistas especializadas. Eu tinha 13 anos de idade.
A primeira revista de eletrônica que comprei foi a Eletrônica Para Todos, cuja história conto nesta postagem:
ELETRÔNICA PARA TODOS - A revista que me despertou para a eletrônica
Com pouco dinheiro para montar os circuitos simples publicados, os poucos componentes eletrônicos que tinha eu conseguia de pedaços de rádios velhos, garimpando em ferros-velhos da região.
Eu possuía um radio portátil AM, que meu tio Zé Rosa (na foto abaixo) havia me presenteado. Ele era meu companheiro na hora de dormir, ouvindo-o através de um "primitivo" fone de ouvido.
Um dia, encontrei, no ferro-velho, uma mecânica de toca-discos automático com a carcaça amassada e faltando algumas peças. Claro, levei-o para casa a preço de sucata.
A mecânica do toca-discos, fabricada pela Winco da Argentina, era igual a foto abaixo. Hoje, vasculhando a internet, vi que a Winco vendia a mesma mecânica para vários fabricantes de vitrolas e existem exemplares com outras marcas.
Com muito esforço e tempo consegui recuperar a mecânica, comprando algumas peças faltantes, como a cápsula de cristal, o pino central do automático e os knobs de controle. Construí uma base com madeira de embalagens de bacalhau, e cobri com adesivo CONTACT. Estas embalagens, que eu conseguia no lixo do supermercado onde meu pai trabalhava, eram feitos de uma madeira leve e macia e superfície lisa, fácil de cortar com uma pequena serra.
Inicialmente eu usava meu toca-discos com uma adaptação no aparelho de rádio vitrola do meu pai, mas a qualidade do som não me agradava, logo pensei em construir meu próprio sistema.
Para ouvir discos, independente do aparelho do meu pai, eu precisava da mecânica do toca-discos, de um amplificador e de uma caixa acústica. Nem pensava em um amplificador estéreo, um bom som mono já me satisfaria.
Bisbilhotando nas poucas lojas de eletrônica em Santos - SP, encontrei um kit de amplificador de 1 Watt de fabricação da IBRAPE e um manual de construção de caixas acústicas da NOVIK. Demorei alguns meses economizando para comprar o kit da IBRAPE e os componentes adequados para contruir a pequena caixa acústica de 5´´, descrita no manual da NOVIK.
Com as informações e os componentes em mãos construí a pequena caixa acústica, seguindo as instruções do manual, e instalei o kit de 1 Watt dentro do gabinete.
Por muito tempo, só ouvia um unico compacto da Elis Regina com a música "Dois pra lá, Dois pra cá". Essa música ficou gravada em minha memória e, além de ser lindíssima, com uma interpretação magistral da Elis, traz excelentes lembranças.
Com o tempo, ganhei alguns discos, troquei objetos por outros e fui aumentando minha coleção. Acho que, na época, cheguei a ter uns oito, ou nove, discos.
Nas fotos alguns dos discos, que ouvia naquela época, que hoje tenho exemplares.
Por uma das incríveis coincidências que acontecem comigo, morei em um condomínio, ao lado de um dos endereços da NOVIK. Isso na década de 80 e 90.