26 janeiro 2022

ITAUTEC - ITAU TECNOLOGIA

Minha Experiência na ITAUTEC: Tentativas de Desenvolvimento e Inovação


Trabalhei no departamento de Engenharia de Controle de Qualidade da ITAUTEC durante o período entre 1982 e 1985. Posteriormente, após uma passagem pela revista Nova Eletrônica, meu gerente na época, o Engenheiro Renato Bottini, deixou a revista para ingressar na ITAUTEC. Ele expressou seu desejo de me levar para a empresa assim que houvesse uma oportunidade, o que se concretizou alguns meses depois.

Minha trajetória começou no laboratório da Engenharia de Controle de Qualidade em agosto de 1982, quando a fábrica da ITAUTEC estava localizada na Av. do Estado, 5359, ao lado do edifício do CTO (Centro Técnico Operacional) do Banco ITAU.

Eu e Renato (à esquerda) quando nos reencontramos há alguns anos.

Nessa época, Renato trabalhava na Engenharia de Controle de Qualidade da ITAUTEC junto a outros engenheiros, incluindo o Gerente Luque, além dos engenheiros Alberto, Siegfried, entre outros, cujos nomes não me vêm à mente no momento. No laboratório, contávamos comigo e com os técnicos Serafim e Aldo.

Inicialmente, as atividades do laboratório se concentravam em testes para a homologação de novos componentes e equipamentos, especialmente quando novos lotes ou fabricantes eram introduzidos.

Esses testes empregavam metodologias um tanto obsoletas e uma grande quantidade de instrumentos para medir parâmetros. Com a adoção de equipamentos mais modernos, esses testes poderiam ser realizados com maior rapidez e confiabilidade.

Em um dado momento, Renato e eu começamos a propor novas técnicas de avaliação, o que levou ao desenvolvimento de novas ferramentas de teste. Alguns exemplos incluem:

A proposta de um traçador de curvas para testar transistores, simplificando um processo que originalmente exigia várias fontes de alimentação e multímetros.
A criação de um circuito com contador digital para medir o tempo exato de abertura de fusíveis sob diferentes correntes.
A concepção de simuladores de linhas de transmissão para testar modems, substituindo a abordagem anterior que envolvia longos cabos enrolados.
A fabricação de cargas fantasmas para testar nobreaks, entre outros projetos para diversas situações de teste.
Muitas vezes, enfrentávamos desafios ao convencer os engenheiros sobre a validade dos resultados obtidos com essas novas técnicas.

Após alguns meses, parte da fábrica e a engenharia de qualidade foram transferidas para um prédio localizado em frente, do outro lado da Av. do Estado, um edifício conhecido como ETAN. Nesse novo local, o laboratório começou a desempenhar um papel direto na linha de produção, desenvolvendo equipamentos para testar produtos em várias etapas da fabricação.


Prédio da ETAN.
(foto recente)


O PRIMEIRO CAIXA AUTOMÁTICO ATM.

Este foi o primeiro caixa automático (ATM) da ITAUTEC, instalado no CTO na Av. do Estado em SP.  Eu montei as placas em wire wrapping dele. Este primeiro nem tinha cofre. O sistema de segurança, que detectava vibração em uma possível tentativa de arrombamento, utilizava como sensor uma cápsula de microfone de aparelho telefônico.


Imagem do grupo ITAUTEC no Facebook

A tela de touch era um monitor de tubo de 5", com tela plana e fósforo verde. O sensor do touch era uma matriz de LEDs e sensores infra-vermelho  cujo dedo interceptava os raios e a eletrônica mais o software detectavam a posição do dedo. Mais ou menos como esta versão moderna.


Nesta mesma época começaram os testes do primeiro computador pessoal da ITAUTEC. O I7000


O PRIMEIRO COMPUTADOR, O  I7000.



O I7000 (Micrinho)


O I7000 era um computador que operava com o sistema CP/M e originalmente possuía um processador 8085. O projeto dessa máquina foi desenvolvido internamente pela ITAUTEC, levando quase quatro anos até estar pronto para ser lançado. No entanto, quando finalmente foi lançado em 1982, sua arquitetura já estava defasada. Para enfrentar esse desafio, no mesmo ano do lançamento, uma equipe de engenheiros de desenvolvimento e engenheiros de controle de qualidade uniram forças para modernizar a arquitetura do "Micrinho". A principal melhoria foi a substituição do processador 8085 da Intel pelo NSC-800 da National. O NSC-800 tinha uma arquitetura de hardware e pinagem compatível com o 8085 da Intel, mas suas instruções eram equivalentes às do Z-80.

Foram meses de trabalho árduo no departamento de controle de qualidade para validar o novo projeto, envolvendo inúmeros testes de desempenho e confiabilidade. O resultado foi apresentado com orgulho na II Feira Internacional de Informática. O Micrinho apresentava um monitor monocromático, cujo projeto foi baseado no circuito de vídeo de um televisor da Philco, empresa pertencente ao grupo ITAU.


O I-7000 PCxt.






Em 1985, a ITAUTEC lançou o I7000 PC-XT, que foi modelado no IBM PC, assim como outros computadores de diversos fabricantes da época.

O I7000 PC-XT foi o último produto com o qual trabalhei na ITAUTEC. No final da minha passagem pela empresa, questões não técnicas levaram membros do laboratório de controle de qualidade a reivindicar condições salariais e direitos equiparados aos de outros departamentos técnicos da fábrica. Infelizmente, essas reivindicações não foram atendidas e, após um ano nessa batalha, optei por deixar o grupo e aceitei uma proposta para retornar ao grupo da Prologica Microcomputadores, onde passei a trabalhar na Engenharia de Projetos. Minha experiência nessa nova fase é detalhada em meu blog.


O Depois da ITAUTEC


Após meu período na Itautec, ainda mantive contato com alguns dos meus colegas de trabalho.

Claudio Nereu Faust, um parceiro em diversas aventuras tanto tecnológicas quanto não tecnológicas, colaborou comigo em projetos para outras empresas, assim como na construção dos nossos próprios clones do CP300 da Prologica e em programas para o mesmo.

Encontrei Alberto quando eu trabalhava na Engenharia da Prologica. Naquela época, Alberto visitou a Prologica para oferecer memórias "fabricadas" pela ITAUTEC.

Tive contato com Luque quando ele apresentou para venda um mouse touch para ser utilizado em um projeto de totem de internet que eu estava desenvolvendo para a World Access Comunications do Brasil. Na época, trabalhei no projeto de um provedor de internet em meados de 1997.

O Totem com o mouse touch


Até os dias atuais, Renato Bottini continua sendo meu parceiro em projetos de automação industrial.







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