06 março 2016

ELETRÔNICA PARA TODOS - A revista que me despertou para a eletrônica.


Capa da revista que comprei na rodoviária.

O ano era 1974, mais especificamente 1º de fevereiro, quando comprei minha primeira revista de eletrônica: a edição número 3 da revista Eletrônica Para Todos. A data ficou marcada em minha memória, pois, nesse mesmo dia, ocorreu o incêndio no edifício Joelma, em São Paulo. Eu e minha irmã, Elsa, estávamos a caminho da casa de meus tios Heronides e Leocádia e de minhas primas Ivete, Leda e Arlete.

Desde muito pequeno, sempre tive interesse por assuntos científicos, mas sem uma área específica de preferência. Naquele dia, enquanto esperávamos o ônibus na estação rodoviária de Santos, deparei-me com essa revista em uma banca de jornal.

O nome da revista era muito sugestivo e me parecia ser destinada a "todos", como eu. No entanto, eu não tinha dinheiro suficiente para comprá-la e precisei convencer minha irmã a me emprestar toda a sua mesada para completar o valor.

Meu tio Heronides, ao ver que eu tinha comprado a revista, no dia seguinte me levou para um tour na rua Santa Ifigênia, no centro de São Paulo. Essa rua era o principal ponto de venda de componentes eletrônicos, e esse passeio me deixou encantado, embora eu não tivesse condições de comprar nada. Também foi marcante quando subimos o viaduto Eusébio Estevaux, que dá acesso à Avenida Nove de Julho, e, de lá, pudemos observar o cenário de destruição no  edifício Joelma e arredores. O edificio ainda soltava muita fumaça e uma equipe imensa de bombeiros e ambulâncias trabalhavam no rescaldo e na busca por vítimas.


Edfício Joelma. Hoje muito seguro

Rua Santa Ifigênia 1986 - foto da internet


Nos que se seguiram nas férias, enquanto as meninas brincavam, eu lia e relia os artigos da revista, claro, sem entender quase nada. Foi quando comecei a associar os desenhos dos componentes nos esquemas aos desenhos nas placas de circuito impresso ou montagens em ponte, simplesmente contando a quantidade de um determinado símbolo no esquema e encontrando o equivalente na placa. Dessa forma, com essa e outras revistas, comecei a relacionar as montagens com os esquemas. Com o tempo, mais alguns anos e muitas leituras, fui aprendendo eletrônica como autodidata.

Naquela época, eu tinha 13 anos e, a partir dai, todo o dinheiro das minhas mesadas era convertido em revistas e em alguns poucos componentes para realizar algumas montagens, algumas das quais tiveram sucesso. A primeira montagem que realmente funcionou foi uma luz rítmica que, associada ao meu rústico aparelho de som, iluminava meu quarto.

Quando nos mudamos de Santos para São Paulo, meu segundo emprego foi em uma loja de componentes eletrônicos chamada FILCRES, localizada na rua Aurora, uma travessa da rua Santa Ifigênia.

Em 1979, já trabalhando no laboratório da famosa revista Nova Eletrônica, do mesmo grupo da FILCRES e PROLÓGICA, perguntaram-me o que era necessário para ser um bom técnico em eletrônica. Minha resposta foi:

"Para ser um bom técnico, é preciso, além da formação, ler muitas revistas de eletrônica"

Hoje, a resposta seria:

"Para ser um bom técnico, é preciso ir além da décima página de resposta do Google"




Eu no laboratório da Revista Nova Eletrônica em 1979





Minha irmã Elsa, e eu.
(foto recente)


Postagem com algumas histórias dos bastidores da revista Nova Eletrônica:

HISTÓRIAS DOS BASTIDORES DA REVISTA