11 fevereiro 2025

Problema de balanceamento em aeronaves

 

Airbus A321

Estive em um voo no Airbus A321, cuja capacidade é de 220 passageiros. No entanto, esse voo transportava menos de 20 passageiros, aproximadamente metade nas primeiras fileiras  e o restante nas últimas.

Diante da grande quantidade de assentos vazios, alguns passageiros tentaram se sentar em outros lugares, principalmente próximos à janela. No entanto, as comissárias rapidamente pediram que retornassem aos assentos designados no cartão de embarque. Isso gerou certo desconforto, pois alguns não compreenderam a explicação sobre a necessidade de manter a distribuição correta dos passageiros devido ao balanceamento de peso da aeronave.

O balanceamento de peso em um avião é essencial para garantir que o centro de gravidade permaneça dentro dos limites seguros. Isso é crucial para:

  • Estabilidade: Mantém o equilíbrio da aeronave durante o voo.
  • Desempenho: Permite que o avião opere de maneira eficiente, garantindo boa manobrabilidade.
  • Segurança: Minimiza riscos, especialmente em momentos críticos como decolagens, pousos e manobras.

Uma distribuição inadequada dos passageiros pode deslocar o centro de gravidade, comprometendo a estabilidade e o controle da aeronave. Por essa razão, as companhias aéreas seguem procedimentos rigorosos de embarque e, quando necessário, podem solicitar que alguns passageiros mudem de assento para manter o equilíbrio ideal do avião.

Um acidente com Airbus A320 da Alitalia, em 2017, foi causado por problema de balanceamento.

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03 fevereiro 2025

Inteligência artificial dos anos......50



Origens e Primeiros Conceitos

Antiguidade:    Ideias sobre máquinas inteligentes aparecem em mitos e histórias, como o autômato de Talos na mitologia grega.

Século XVII e XVIII:     Filósofos como Descartes e Leibniz exploraram a ideia de pensamento mecânico e sistemas de cálculo lógico.


Início Formal da IA

1950:     Alan Turing propõe o Teste de Turing, um critério para avaliar se uma máquina pode exibir inteligência equivalente à humana.

1956:    A conferência de Dartmouth, organizada por John McCarthy, Marvin Minsky, Nathaniel Rochester e Claude Shannon, marca o nascimento oficial da IA como campo de pesquisa.


Evolução da IA

Décadas de 1950-1970:   Avanços iniciais em algoritmos, aprendizado de máquina e redes neurais primitivas.

Décadas de 1980-1990:   Introdução de redes neurais mais avançadas e sistemas especialistas.

Anos 2000 em diante:   Avanço do aprendizado profundo (deep learning), IA generativa e aplicação em diversas áreas.


Hoje, a IA está presente em assistentes virtuais, diagnósticos médicos, carros autônomos e até na criação de arte e textos.


ELIZA, o (quase) CHAT GPT das décadas de 60, 70 e 80.

Capa do manual do Eliza


O Software ELIZA permitia conversar com ele via teclado, como se fosse um psicólogo, em computadores da década de 80na década de 80. ELIZA foi criado em 1966 pelo cientista da computação Joseph Weizenbaum no MIT (Massachusetts Institute of Technology) e é considerado um dos primeiros programas de processamento de linguagem natural. O programa foi projetado para simular uma conversa terapêutica com um psicólogo, fazendo perguntas e oferecendo respostas baseadas em padrões de linguagem predefinidos. O programa ELIZA foi escrito em linguagem de programação LISP e foi um marco na história da inteligência artificial e do processamento de linguagem natural. O programa ELIZA foi portado para várias plataformas de computador, incluindo a plataforma TRS-80. 

Joseph Weizenbaum o pai de Eliza - Imagem da internet

Interface do software Eliza

A versão do Eliza, também conhecida como Talking Eliza, foi uma implementação falante do famoso programa de inteligência artificial para os computadores da série TRS-80 Model I e Model III, lançada pela Radio Shack em 1979.

Uma característica inovadora desse programa era sua capacidade de gerar respostas audíveis por meio do sintetizador de voz TRS-80 da Radio Shack, o que justificava o nome Talking Eliza.

Sim, já em 1979 era possível interagir com um computador e receber respostas por meio de síntese de voz. Chegue a "bricar" com Eliza em um CP-500 da Prologica, na década de 80.

 
Voce pode experimentar Eliza em uma versão em Basic, aqui ( clique na imagem e aquarde carregar):




O Eliza na telinha.

No episódio 12 da 1ª temporada da série  "O jovem Sheldon", intitulado "Um computador, um pôney de plastico e uma caixa de cerveja", Sheldon interage com o software Talk Eliza em seu computador. Ele o utiliza  para simular conversas e aprimorar suas habilidades sociais.

A série,  que se passa entre os anos 90  e conta a história da infância e adolescência de Sheldon Cooper, mostrando como ele lida com a sua inteligência avançada, com a dificuldade em compreender as nuances sociais e com as relações familiares.  

 Esta série está disponível, atualmente, na Netflix.



Eliza na telinha - Netflix


Aparição de Elon Musk em O Jovem Sheldon

Elon Musk faz uma participação especial na série O Jovem Sheldon (Young Sheldon) no episódio 6 da primeira temporada, intitulado "SUma etiqueta, um modem e uma úlcera". 

No episódio, Sheldon Cooper, ainda criança, escreve suas anotações e cálculos em um caderno sobre teorias científicas. Anos depois, o caderno acaba sendo encontrado por ninguém menos que Elon Musk, que aparece lendo as ideias de Sheldon enquanto está em um escritório da SpaceX. 



https://youtu.be/6jAlPQau5Hc



Eliza foi portado para várias plataformas de computadores e pode ser baixado para os computadores baseados em TRS-80 aqui: 

https://willus.com/trs80/




28 janeiro 2025

Além da eletrônica, uma paixão no início dos anos 70: O AUTORAMA!

 

Hoje, 28/01/2025, precisei ir até Santos – SP, cidade onde minha família viveu durante 12 anos. Com receio das pancadas de chuva, cheguei muito adiantado ao meu compromisso e resolvi dar uma longa "volta" pelo bairro do Gonzaga, onde vivemos nas décadas de 1960 e 1970. Este lugar sempre me traz muitas lembranças boas, e nunca se esgotam as possibilidades de reviver uma infância repleta de histórias para contar.

Ao passar pela Avenida Marechal Floriano Peixoto, ao lado do Shopping Miramar, deparei-me com a loja de brinquedos "Xicko’s", cujo nome imediatamente despertou minhas memórias. Não me contive, entrei para dar uma olhada e perguntei a uma funcionária, que me pareceu ser a gerente, se aquela loja tinha alguma relação com a loja do "Seu Chico dos autoramas", que eu frequentava na década de 1970.


Xicko’s na Avenida Marechal Floriano Peixoto

A funcionária, cujo nome, por distração, não perguntei, confirmou que sim. Explicou-me que a loja pertencia à mesma família que criou a Hobbies Modelo, um estabelecimento que eu costumava frequentar na infância. Ela informou que, no mesmo local onde funcionava a Hobbies Modelo, na Rua Azevedo Sodré, atualmente encontra-se a matriz da Xicko’s Brinquedos, embora agora voltada para um público mais amplo e não mais especializada em modelismo e autoramas.

É claro que eu não poderia perder a oportunidade de visitar o local original da Hobbies Modelo, situado na Rua Azevedo Sodré, quase na esquina com o Canal 3.

 

Xicko’s Brinquedos, na Rua Azevedo Sodré, hoje
 
O interior da loja, na Rua Azevedo Sodré


Uma breve história da Hobbyes Modelos e da Xicko’s Brinquedos

Em Santos, litoral de São Paulo, há histórias que transcendem gerações e permanecem vivas na memória coletiva. Uma dessas histórias é a da Hobbies Modelo, que mais tarde se tornaria a icônica Xicko’s Brinquedos. Mais do que um simples ponto comercial, foi um espaço de sonhos e de conexão entre pais, filhos e entusiastas do universo lúdico.

A Hobbies Modelo surgiu como uma loja especializada em miniaturas, maquetes e brinquedos diferenciados. Seu espaço ocupava um imóvel onde, desde 1930, funcionava um empório criado pelo comerciante Nemesio Barros e sua esposa, Lucinda Rocha, na esquina das ruas Azevedo Sodré e Jorge Tibiriçá.




Na década de 1950, o casal Barros já tinha uma filha, Rosália, que se casou com o jovem Fernando Menezes Barbosa. Após o falecimento do patriarca da família, o casal decidiu assumir o empório, mas optou por mudar o ramo do negócio, deixando para trás os produtos de "secos e molhados" para ingressar em um novo segmento. Fernando explorou diversas alternativas até perceber que sua paixão pessoal pelo modelismo, especialmente trens elétricos, poderia se tornar um negócio promissor e, de fato, tornou-se.

No final da década de 1950, o casal resolveu trazer dos Estados Unidos o Autorama, um tipo de modelismo que já era febre entre os americanos. A pista montada na loja da Azevedo Sodré, em Santos, foi uma das primeiras do Brasil, uma vez que o brinquedo só passou a ser comercializado em larga escala a partir de 1963 pela Mobral Modelismo, de São Paulo. No ano seguinte, a Estrela passou a fabricá-lo no Brasil sob licença da Gilbert, empresa que produzia pistas e carrinhos nos EUA.

A Hobbyes rapidamente se tornou referência em Santos para os entusiastas do Autorama, uma paixão que dominaria a década de 1970 impulsionada pelos campeonatos de Formula 1 e pelas conquistas de Emerson Fittipaldi. As pistas eletrificadas, os carrinhos detalhados e a possibilidade de personalização faziam do Autorama mais do que um simples brinquedo, era uma experiência que unia técnica, habilidade e diversão. A loja não apenas vendia produtos, mas também promovia encontros e competições que transformavam um passatempo em um verdadeiro evento comunitário.

Essa paixão se traduzia nas longas filas que se formavam logo nas primeiras horas da manhã, compostas por meninos carregando suas maletas cheias de carrinhos, peças e ferramentas para uso na pista, todos ansiosos para que a Hobbyes Modelos abrisse suas portas.


Hobbies Modelo na década de 70 - Imagem da internet


Com o passar do tempo, em homenagem ao funcionário Francisco Ferreira, carinhosamente chamado de “Seu Chico”, os proprietários decidiram renomear a loja para Xicko’s Brinquedos. Essa mudança marcou uma nova fase, na qual a loja expandiu seu catálogo para incluir uma grande variedade de produtos, desde bonecas clássicas até os primeiros videogames, acompanhando as transformações do mercado e os desejos das novas gerações.

Francisco Ferreira, conhecido por toda a garotada como “Seu Chico”, era a alma do local. Sempre presente, ele criava laços com os jovens frequentadores, auxiliava nas competições de fim de semana e ainda ajudava nos reparos dos carrinhos. Com seu jeito carismático e conhecimento, acabou se tornando a autoridade máxima nas maior atrações da Hobbies Modelo: as imponentes pistas de Autorama.

Com o tempo, as crianças passaram a chamar a loja de “Loja do Seu Chico”, tornando o apelido uma referência natural ao estabelecimento da família Barros Barbosa.  Fernando decidiu homenagear Seu Chico e rebatizou a loja com seu nome. “Ele era como um membro da família, vivia a loja intensamente”, relembra Rosália.


Seu Chico, no balcão técnico da loja - Imagem da Internet


Os zumbidos dos motores, os melhores assoviavam, em miniatura e a disputa acirrada nas curvas das pistas, que chegaram a totalizar três, criavam um ambiente eletrizante e inesquecível. A Hobbies Modelo não era apenas um lugar para comprar brinquedos; era um ponto de encontro onde se compartilhava uma paixão comum e se criavam memórias destinadas a transcender o tempo unindo amigos, pais, filhos e, até netos em uma atividade empolgante horas a fio.

 

Chico, Ricardo, Rosália e Fernando - Imagem da Internet


Eu e a loja do Seu Chico

Nem me lembro exatamente como conheci a loja, mas certamente foi por meio de algum amigo da escola. No início, eu ia até lá apenas para olhar e sonhar com o dia em que pudesse apertar aqueles gatilhos e controlar os carrinhos nas pistas.

A pista Grande da Hobbies Modelo . Imagem da internet


Um dia, graças aos inúmeros “rolos” que fazia trocando peças de bicicletas e outros brinquedos, muitos vindos de ferros-velhos, consegui um motor de autorama da marca Estrela. Era um motor bem fraquinho, o chamavam de "Estrelinha",  daqueles que vinham nos autoramas comercializados pela marca.


Motor Estrelinha - Imagem da Internet


Com apenas um motor, claro, não havia muito o que fazer. Então, com criatividade e paciência, usei a carroceria de carrinho de plástico comum, alguns pedaços de lata de óleo para contruir o chassi, eixos e outros componentes que comprei usados, para construir meu primeiro carrinho de autorama. Era bem rústico: o controlador era apenas um pedaço de fio que eu plugava na pista, encostando um no outro para fazer o carrinho andar. Ele ia devagar, mas andava. Por ser tão simples, eu nem ousava mostrar meu carro ou o controlador e usava apenas a menor pista, num cantinho da loja que não era muito frequentada.

Aos poucos, com o dinheiro das mesadas e as trocas que fazia, fui aperfeiçoando meu carrinho. Consegui comprar um controlador de verdade e finalmente subi de nível: passei a usar a pista média, a minha favorita. Ainda assim, meu motor não chegava nem perto do desempenho dos importados. Foi então que decidi melhorar o “induzido” do motor, tentando reenrolá-lo. Esse tipo de motor modificado era conhecido como “motor enrolado”.


Um carrinho Lola, idêntico ao primeiro que montei - Imagem da Internet


Observando os diversos motores que passavam pelas mãos do Seu Chico – sempre requisitado no balcão técnico da loja, resolvi tentar enrolar meu motor por conta própria. Muitos modelistas já faziam esse trabalho profissionalmente, mas pagar pelo serviço estava fora do meu alcance. Minha única opção era aprender a faze-lo sozinho. Passei vários finais de semana enrolando e desenrolando o motor com fios novos, num processo de tentativa e erro.

A cada modificação, precisava testar o resultado na pista, o que me fazia ir e voltar inúmeras vezes entre minha casa e a Hobbies Modelo.

Com o tempo, fui aprendendo e, no final, meu carrinho se tornou bastante competitivo. Ele começou a chamar atenção e até me rendeu algum dinheiro com serviços de melhoria nos motores de outros modelistas.

Cheguei a montar meu próprio chassi, já em latão e a carroceria original da Estrela passou a ser uma carroceria leve e flexível chamada de bolha.


Um típico chassi de latão, construído artezanalmente, da época - Imgem da Internet


Carroceria bolha da época, muito leve e flexível - Imagem da Internet


Um motor importado da marca MURA modelo Green, Muito cobiçado na época. - Imagem da Internet.


Um carrinho Lola, mas com carroceira bolha, chassi de latão e o famoso motor MURA Green - Imagem da internet

O mesmo conjunto anterior restaurado -
Imagem da internet

Chassi da década de 70 restaurado - Imagem da internet


O Induzido de um motor, devidamente "enrolado" - Imagem da Internet


O Controlador, do mais simples, passando pelo eletronico de 1981 e os atuais

Meu controlador, da época, era um modelo básico da Estrela, como o da foto. Na época já haviam controladores DIY feitos em acrílico e resistências especialmente escolhidas para maior desempenho.

Controlador da marca Estrela - Imagem da internet


Controlador DIY mais robusto - Imagem da Internet


Em 1981, quando trabalhava no laboratório da revista Nova Eletronica, publiquei um circuito simples para um controlador eletrônico.







Hoje os controladores são totalmente eletrônicos, computadorizados e programáveis, promovendo o máximo desempenho para os motores modernos.


Controlador moderno programável - Imagem da Internet


O Autorama de ontem e de ontem e hoje na mídia


Reportagem da TV Tribuna sobre os veteranos do hobby.



Depois de muito tempo, terminei trocando o carrinho, e acessórios, por uma bicicleta. Mas isso é outra velha  história.


Fontes:     Atribuna - Santos

                Site Memória Santista.


20 janeiro 2025

Simulando a Fórmula 1 da Aviação

Em 2015, ainda trabalhando na BR Simulations, recebi a visita de engenheiros da Universidade Federal de Minas Gerais para discutir os detalhes técnicos em uma parceria. O objetivo era desenvolver um simulador "portátil" para que o piloto Paul Bonhomme pudesse treinar os circuitos antes das competições na Red Bull Air Race, uma série de corridas aéreas internacionais.

O evento já aconteceu no Brasil em duas ocasiões, ambas no Rio de Janeiro. A primeira, em 2007, destacou-se como a prova com o maior público da história do Red Bull Air Race, reunindo mais de 1 milhão de espectadores. 

Em 2019 a Red Bull anunciou que seria o último ano da competição.

Um dos principais dos pesquisadores do objetivos dos pesquisadores do centro de estudos Aeronáuticos (CEA), da Escola de Engenharia da UFMG, foi implementar melhorias que reduzam o arrasto aerodinâmico, contribuindo para o aumento da velocidade da aeronave.


Paulo Iscold, da UFMG, e o piloto Paul Bonhomme: aerodinâmica e otimização de trajetórias
Foto: Divulgação da UFMG



Iniciei os estudos para projetar tanto o hardware quanto adaptar o modelo da aeronave no software X-PLANE, baseado no Zivko EDGE 540, aeronave utilizada nas competições. O Zivko EDGE 540 é uma aeronave de acrobacia aérea amplamente reconhecida como uma das melhores de sua categoria. Ele é capaz de atingir velocidades superiores a 450 km/h, destacando-se por sua precisão e desempenho em manobras complexas. 

Zivko EDGE 540 - Sem preparação para racing


Parte da documentação fornecida pela organização sobre o circuito da  Austria - Spielberg 


Simulação do Zivko EDGE 540 no X-PLANE

Paul Bonhomme Dominates Texas - Red Bull Air Race Texas 2015

British Airways Captain and Red Bull competitor Paul Bonhomme

Aprenda com o tricampeão Paul Bonhomme

Infelizmenteo projeto em 2015, com a UFMG, não foi levado adiante devido a fatores que não estavam relacionados à parte técnica.




A complexidade do projeto de um simulador de voo profissional. Nesta foto eu estava trabalhando em um Airbus A320 com cinco computadores.

Mais sobre simuladore de voo em: 




18 janeiro 2025

ITAUTEC, XEROX, Amyr Klink e a feira de informática


Em novembro de 1984, eu ainda trabalhando na ITAUTEC, participei de uma excursão para visitar a 4ª Feira de Informática no Riocentro em Jacarépaguá no Rio de Janeiro. Infelizmente não fiz nenhum registro fotográfico do evento.


Publicidade da época


A Itautec utilizou o evento para exibir seus produtos, com destaque para as máquinas de processamento bancários e os computadores pessoais. Em um período de crescente nacionalização da tecnologia e de políticas voltadas à substituição de importações, a presença da Itautec foi um reflexo do esforço brasileiro para reduzir a dependência de empresas estrangeiras e investir na autossuficiência tecnológica.

A Itautec estava em plena expansão no mercado de informática e também no setor bancário, uma vez que a empresa tinha um forte vínculo com o sistema financeiro brasileiro, sendo responsável pela fabricação de caixas eletrônicos e outros equipamentos voltados para a automação bancária. A participação da Itautec na feira também refletia a importância crescente da informática no setor financeiro, algo que começou a ganhar impulso com a introdução dos computadores pessoais e a adoção de sistemas eletrônicos para gestão de processos bancários.

Além de seus produtos voltados para o mercado corporativo e bancário, a Itautec também investia na produção de equipamentos de uso mais doméstico e educacional, como microcomputadores voltados para escolas e pequenas empresas. A marca buscava consolidar sua imagem como uma das principais representantes do Brasil na indústria de tecnologia e reforçar o papel da indústria nacional no desenvolvimento e fornecimento de soluções tecnológicas para o mercado local.


Itautec I7000 PCxt - Revista Microsistemas


A XEROX e Amyr Klink

O stand da Xerox se destacou por apresentar inovações tecnológicas e soluções para o mercado brasileiro de informática e automação. A Xerox, tradicionalmente conhecida por suas impressoras e copiadoras, estava expandindo suas operações para o mercado de computação pessoal e tecnologia de redes. O stand da empresa foi uma oportunidade para mostrar suas tecnologias em impressão digital, sistemas de gestão documental e até mesmo software.

No entanto, um dos maiores atrativos do evento foi a presença de Amyr Klink, o navegador brasileiro conhecido por suas expedições e aventuras no mar. Amyr estava no stand da Xerox para divulgar seu projeto de expedição e também para falar sobre como a tecnologia poderia ser aplicada em condições extremas e desafiadoras, como no alto-mar. Ele era uma figura importante no Brasil na década de 1980, com suas conquistas no campo da navegação, e sua presença no evento estava ligada a uma parceria de imagem entre a empresa e o explorador. Klink havia acabado de atravessar o Atlântico Sul em um barco a remo, o IAT, que também foi exposto no stand da Xerox. Amyr Klink chegou à Bahia em 18 de setembro de 1984 depois de cem dias e nove horas para cruzar o Atlântico remando sozinho em um barco de 5,94 metros de comprimento e, no máximo, 1,52 metro de largura.


Amyr na chegada a Bahia


Modelo do IAT em uma exposição num Shopping em Jundiaí - SP

A presença de Klink gerava uma forte ligação entre a tecnologia e o espírito de aventura, algo que fazia muito sentido em uma época em que a informática ainda estava sendo desbravada pelo grande público. Assim, o stand da Xerox não era apenas uma vitrine de produtos, mas um local de inspiração, destacando como a tecnologia poderia ser usada para transformar e expandir os limites da humanidade e das possibilidades.

Amyr fez registros em seu diário de bordo, que mais tarde deram origem ao livro Cem Dias Entre Céu e Mar. Li este livro, em sua primeira edição, pelo menos duas vezes.

Livro 100 dias entre o céu e o mar

Cem Dias Entre o Céu e o Mar, o filme.

Baseado no best-seller de Amyr, com estreia prevista para 2025, o longa-metragem 100 Dias é uma jornada de autodescoberta, onde um jovem luta consigo mesmo e com a sombra de um pai autoritário. Em busca de seu próprio caminho na vida, e contra todas as probabilidades, Amyr (Filipe Bragança) atravessa o Oceano Atlântico sozinho, em um pequeno barco a remo. As filmagens, sob a direção de Carlos Saldanha, já foram concluídas, e a estreia está marcada para 2025.


Carlos Saldanha, Amyr Klink, Filipe Bragança e a produtora Justine Otondo. Foto/Adriano Vizoni

100 dias / Divulgaçaõ / Fabio Braga / Pivo Audio Visual
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